Ontem foi um dia feliz. Meu carro, após dois meses de oficina, voltou. Ele é bem útil as vezes. As vezes fútil. Quero dizer, tem horas que só o carro pode fazer um determinado serviço, mas tem horas que ele é usado por conforto e inconseqüentemente. Quero dizer, se o carro pode ser dispensado em determinada situação, temos a obrigação de dispensa-lo. De carro nós contribuímos com o aumento do trânsito, da poluição e do consumo de recursos energéticos.
Aulinha de física grátis: Apesar de ser uma das matérias mais detestadas do ensino médio, muitos devem se lembrar da fórmula que diz o trabalho de uma força em um plano é igual a massa vezes o deslocamento vezes o cosseno de teta . O trabalho é dado em alguma unidade de energia. Ou seja, em um deslocamento determinado, quanto maior a massa, maior o trabalho. Maior a quantidade de energia empregada para realizar esse deslocamento.
Pois bem, se dá para ir a pé, uma pessoa gastaria a energia de transportar 70 kilos de ‘A’ para ‘B’. Se essa pessoa vai de carro, ela gastará a energia para mover mais de uma tonelada, visto que a maioria dos automóveis pesa mais do que isso. E, convenhamos, recursos energéticos não estão sobrando no mundo e constituem-se em um dos maiores problemas da economia mundial. Portanto, evitem usar o carro.
Mas não é sobre isso que estou escrevendo. Ocorre que ontem eu voltava pra lá da meia noite com meu carro pela avenida paulista quando, de repente, formou-se um trânsito. Como muitos devem saber, a Paulista está em obras e estão refazendo sua calçada. Qual não foi a minha surpresa ao ver que o asfalto por onde eu trafegava também estava novinho em folha. Uma equipe gigante, com quase 20 caminhões, muitos tratores e, provavelmente, mais de duzentos homens trabalhava a todo vapor reconstruindo o asfalto da popular avenida Paulista.
A operação parecia ser bem eficiente, talvez hoje de manhã a obra já estivesse pronta, mas uma coisa me chamou a atenção. Eu passo pela Paulista quase todos os dias. Antes de carro, nos últimos dois meses a pé, a partir de hoje vai variar conforme a necessidade (espero não me entregar ao conforto irresponsável de usar o carro indevidamente). Mas o fato é que em nenhuma passagem minha pela Av. Paulista eu notei alguma necessidade de reconstrução do asfalto. Muito pelo contrário, o asfalto estava em ótimas condições. Em compensação, muitos lugares estão com o asfalto em estado deplorável, precisando urgentemente de remendos. A quantidade de homens e de asfalto empregados na reforma do pavimento da paulista, com certeza, cobriria diversos buracos em locais que precisam disso. Isso para mim cheira a mau uso de dinheiro público. Cheira forte e cheira mal.
Por que alguém reformaria um asfalto que não precisa ser reformado? Pode-se justificar que a reforma da calçada estragou o asfalto da avenida e, por isso, a necessidade da reforma. Mas isso para mim parece balela. Estamos perto de eleições municipais e o nosso atual prefeito, sr Gilberto ‘Amargo’ Kassab é candidato. De que adianta fazer uma obra de recapeamento das ruas estreitas da periferia de sampa se pode-se fazer uma obra gigante no coração de São Paulo e, com isso, mobilizar muito mais pessoas para a competência das equipes do Kassab? Realmente a obra era bonita de se ver, com toda aquela gente trabalhando coordenadamente com uma eficiência de fazer inveja ao primeiro mundo...
Pois bem. Seja o motivo que for, achei ridículo gastar toda essa grana numa reforma que não precisa. Ainda se tivesse asfalto sobrando, vá lá... Mas existem lugares onde as ruas são de terra e outros onde, do asfalto, só se vê lembranças.
19 de jun. de 2008
Avenida Paulista
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Um comentário:
Pois é...
A Av. Paulista vive em obras, e eu nunca vejo necessidade das mesmas. Como vc mesmo disse existem inúmeros lugares que realmente precisam e estão a mercê, infelizmente!
Beijos!
Postar um comentário