16 de jun. de 2008

Deu no L.A. Times

Saiu hoje uma matéria bem agressiva contra o Brasil no Los Angeles Times sobre a produção de etanol. A matéria referia-se às condições sub-humanas de trabalho as quais os bóias frias são submetidos nas lavouras de cana-de-açúcar aqui no Brasil, especialmente, nas lavouras do NE. Aí eles já aproveitam para dizer besteiras do tipo ‘eles desmatama Amazônia para produzir etanol’ o que é uma grande besteira por que não há produção de cana na Amazônia. Nós desmatamos a Amazônia para abastecer seus mercados de madeira e de carne. Com relação ao trabalho escravo e/ou sob condições precárias, não nos resta alternativa a não ser admitir sua existência. Entretanto, isso ocorre a mais de 30 anos, desde quando o pró-alcool foi implementado e, por algum motivo (qual será?...) só agora ele vem à tona. O que me preocupa na matéria é uma frase que diz: Eles são a Arábia Saudita dos biocombustíveis. Isso implica que, como anteriormente previsto nas páginas do LeMelão, nós somos candidatos à próxima invasão bélica dos EUA.

Como é de conhecimento geral por aqui em terras tupiniquins, o etanol brasileiro está sendo muito criticado em diversos países de primeiro mundo. Claro, eles não são bobos nem nada. Não podem assistir calados o nascimento de uma super-potência energética do qual, irreversivelmente, se tornarão dependentes em alguns anos. Não sou especialista em política internacional, mas acredito que esses ataques tentam diminuir a velocidade da nossa expansão para que eles tenham tempo de se preparar para não ficarem tão dependentes do Brasil.Isso por que a sustentabilidade está em pauta no mundo todo e as populações recebem informações sobre a energia limpa produzida no Brasil e, mais dia menos dia, começarão a fazer pressão em seus governos para que eles adotem o consumo de combustíveis limpos brasileiros.

Enquanto nos atacam, tentam desesperadamente começar a produção de etanol em seus países, principalmente com subsídios ilegais fomentando a produção. Só que para fazerem isso, sacrificam suas produções, já subsidiadas, de alimentos. Trata-se de um cobertor curto demais com o qual, para se cobrir a cabeça, descobre-se os pés. Ao criticarem nossa produção esquecem-se que, há mais de trinta anos, quando deu-se inicio á produção de carros movidos a álcool no país, todos ignoraram a validade dessa iniciativa. Fizemos tudo, desde a tecnologia para a indústria automobilística, até a tecnologia genética de desenvolvimento de espécies mais adaptadas para cada região produtora, passando pelas usinas, com nossos próprios recursos, sem receber ajuda de ninguém.

E o projeto quase foi pras cucuias. Em uma fase de bons preços do petróleo, ninguém queria um carro que era difícil de pegar de manhã e que precisava parar no posto com maior freqüência, já que carros a álcool fazem menos quilômetros por litro e que na compensava financeiramente, já que os gastos eram muito semelhantes. Vale lembrar que os carros não eram flex. Ou usavam álcool ou gasolina.

Agora eles querem que os ensinemos a fazer carros movidos a álcool e o próprio combustível. Claro que faremos isso, mediante um pagamento justo do desenvolvimento de 30 anos de tecnologias, mais os lucros, obviamente. Aí não interessa. “Poxa, na Amazônia a gente pega tudo de graça e ainda pode patentear, agora vocês querem que a gente pague e ainda querem manter a patente”. Isso mesmo. Nem que termine em guerra.

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