Carta ao amigo

Camarada, você faz falta por aqui. Sei que você foi em busca de um sonho. Espero que o tenha encontrado.
Por aqui as coisas continuam iguais. Ainda são muitas as dúvidas, o universo continua caótico e, diante desta infinidade de possibilidades, não consigo precisar quais delas realmente ocorrerão.
A guerra continua. E a fé das pessoas nela também. Alguns têm fé de que vencerão, outros de que os adversários perderão. Alguns querem simplesmente que ela finalmente acabe. Neste último grupo estou eu. Mas acredito ela não termina enquanto alguém não vencer. Infelizmente mais mortes deverão ocorrer até que cessem os ataques.
Ainda fico triste por você ter nos abandonado antes do fim, mas também acredito que eu poderia ter sido mais amigo, oferecendo um ombro mais reconfortante para acalmar suas angústias. Espero que você me perdoe por que eu te perdoei. Aliás, espero também que você leia minha carta. Escrevo-a aqui por que não sei para onde envia-la.
Queria que você estivesse aqui para assistir Entre Romeus e Julietas, ou quem sabe para estar conosco no palco, apresentando a peça. Isso por que o estudo do texto original respondeu a mim muitas daquelas dúvidas que nós dois tínhamos. Creio que nunca o amor foi tão bem explicitado, considerando toas as suas formas e contradições, como nesta peça. Incrível como quase 500 anos depois de ter sido escrito as pessoas ainda não entendem isso. Alguns conhecimentos simplesmente não são repassados.
Bom, foi legal poder lembrar de você e, de uma certa forma, foi bom lembrar que sinto saudades. Um dia nos falamos. Isso é certeza.
Tenha uma ótima vida, onde quer que esteja.

Do seu amigo. Piuas.