Achei que tinha chegado a hora,
Por dois dias preparei o embarque.
Depois, não seria possível voltar.
Era estar pra sempre lá
Ou de lá recomeçar.
O ideal, claro, era ficar,
Mas não tinha como saber
O que faria ou sentiria
Depois do barco a navegar.
Mas o que eu quis não importa mais,
Já que o barco não parou.
Ainda com os pés no chão,
Olho o mar, tão só, no cais.
Triste visão esta do barco
No horizonte sem me notar.
Ainda tem a vontade estúpida
De me lançar ao mar, de nadar,
De buscar o barco e embarcar
Atrás dos sonhos que ele carrega,
Sabendo que não posso alcançá-lo.
Se penso apenas em buscá-lo,
É porquê não me imagino feliz sem ele.
Se parece falta de imaginação,
Parece mais ainda amor.
Dos platônicos, bem grandes, que doem
Sem explicação e ficam saciados
Com um breve olhar transparente.
Parece amor daqueles que permitem
Ao amante ver além quando sonhando
E nos dias de imaginação mais poderosa
A visão substitui a realidade incentivando
A perseguição do barco em fuga.
Estes são os dias que me sinto feliz,
Porque posso alcançá-lo, ou nem perseguí-lo,
Simplesmente subir a bordo num novo cais
Especialmente construído, irresistível,
Que capitão nenhum ignoraria nestes dias.
Quando assim, a homenageio com belas festas
E se me vai a imaginação, durmo sorrindo.
Guardo as lágrimas para o dia seguinte
Quando idéias faltarão e assim estarei
Mais longe dos sonhos que não sonharei.
20 de mai. de 2008
Beleza, Ira e Além.
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